“Porque pela
graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
não de obras, para que ninguém se glorie.” -
Efésios
2:8-9.
É consenso geral,
entre os povos cristãos de todas as denominações, que as boas obras
devem estar presentes na vida do verdadeiro cristão.
O próprio Cristo disse:
“Pelos seus frutos os conhecereis...”
- Mateus 7:16.
Mas até que ponto as
obras são válidas para nossa justificação perante Deus?
Num extremo estão os
legalistas, aqueles que afirmam que a observância de todos os
mandamentos lhes garante a salvação, ou seja, buscam a salvação através
de suas obras.
No outro extremo estão
os que afirmam que estamos debaixo da graça, portanto, não existe a
necessidade de obediência aos mandamentos, pois Cristo veio e cumpriu a
lei, libertando-nos da obrigatoriedade de cumpri-la.
Existe ainda uma
terceira idéia, que está ganhando terreno no mundo cristão de nossos
dias, o pressusposto de que Deus é tão bom que no final irá salvar a
todos, independentemente de sua condição espiritual; é a chamada
justificação universal.
Esse não é um problema só de nossos
dias. A Bíblia nos revela que no passado também houve pessoas que
acreditavam na garantia da salvação através de suas obras.
Em Mateus 19:6-22, encontramos
ali a conhecida história do jovem rico.
Nesse encontro Jesus foi interrogado
por ele: “Que farei eu de bom para alcançar
a vida eterna?”
Respondeu-lhe Jesus:
“guarda os mandamentos”
Replicou-lhe o jovem:
“Tudo isso tenho observado; que falta ainda?
Disse-lhe Jesus: uma coisa te falta.”
No entendimento daquele jovem, sua
adoração a Deus era completa, com certeza considerava-se um bom
Cristão.
“Tudo
isto, tenho feito desde a mocidade”
disse ele a Cristo. No entanto sua adoração não era completa. Em outras
palavras, Jesus estava dizendo a ele que a verdadeira adoração seria
alcançada, quando ele vendesse seus bens e repartisse com os pobres.
Diz o relato bíblico que,
“o jovem ouvindo esta palavra, retirou-se
triste, por ser dono de muitas propriedades.”
Trazendo esta história para os nossos
dias, poderíamos dizer que o jovem observava fielmente todos os
mandamentos, era um fiel dizimista, vestia-se adequadamente, praticava
um regime alimentar rígido e não freqüentava ambientes impróprios para
um cristão. Tudo isto ele fazia, mas a forma de sua adoração estava
equivocada, o motivo que o levava a fazer tudo isto, não era o amor a
Deus. Mas, porque assim a lei mandava, tornara-se legalista. O real
motivo deveria ser o amor a Deus, mas na verdade o seu amor estava
voltado para os seus bens.
Há dois textos na Bíblia que nos
mostram claramente qual o desejo de Deus para nossa vida:
“Buscar-Me-eis
e Me achareis quando Me buscares de todo o vosso coração.” -
Jeremias 29:13
A adoração que Cristo requer de nós
não é uma adoração de interesse, do troca-troca. Eu faço isto e Deus
me da aquilo. Não é isto que Deus quer de nós, mas sim uma adoração de
gratidão e amor àquele que verteu seu sangue na cruz pelos nossos
pecados. Deus requer um culto racional, não uma adoração vazia ou
extremista.
Ninguém se salva por guardar a lei, nem por não comer
isto ou aquilo, mas sim pela graça redentora de Cristo Jesus.
Sem dúvida, a lei tem uma parte importante e necessária
na salvação: ela nos indica o que é o pecado. Como um espelho,
mostra-nos nossa miserável condição e leva-nos a Cristo, que nos salva.
Cristo disse que a forma de
demonstrarmos nosso amor a Ele seria guardando os seus mandamentos:
“Se
me amais, guardareis os
meus mandamentos.” -
João 14:15.
A guarda dos mandamentos e tudo o que for feito, no que
se refere ao culto a Deus, deve ser feito por amor e gratidão.
“Sabendo,
contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante
a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que
fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois,
por obras da lei, ninguém será justificado.”
Cristo deparou-se por inúmeras vezes
com estes problemas. Dois destes, estão relatados no livro de Mateus,
no capitulo 12, versos de 1 a 10:
O primeiro
caso:
“1 Por
aquele tempo, em dia de sábado, passou Jesus pelas searas. Ora, estando
os seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer.
2 Os
fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos
fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado.”
Embora Deus
houvesse criado o Sábado para o benefício do homem, o fez também, para
que servisse como sinal de distinção entre os israelitas e os outros
povos.
“9 Tendo
Jesus partido dali, entrou na sinagoga deles.
“Então, disse
Jesus a eles: Que vos parece? É lícito, no sábado, fazer o bem ou o mal?
Salvar a vida ou deixá-la perecer?”
No sábado não
se podia endireitar um osso quebrado, nem se podia aplicar um cataplasma
ou uma atadura a um tornozelo deslocado.
Uma prova dos
extremos a que iam os judeus na exaltação do Sábado, é vista em uma de
suas declarações:
“Os
pecados de todo aquele que observar estritamente toda lei do Sábado,
embora seja ele adorador de ídolos, ser-lhe-ão perdoados.”
A respeito
deste assunto, Cristo foi muito claro ao dizer que
“o sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por
causa do Sábado” - Marcos 2:27.
O Sábado
deveria ser um dia de alegria, de repouso, um dia para o ser humano
refletir na grandeza da obra da criação de Deus, para que pudesse
contemplar as provas da sabedoria e bondade de Deus, para despertar-lhe
gratidão ao lembrar que tudo quanto desfrutava e possuía viera das
bondosas mãos do Criador.
Mas o ser
humano, contrariando a vontade de Deus, passou a criar normas e regras,
tornando a guarda do Sábado algo difícil e penoso. O que era para ser um
benefício para o homem, tornou-se então um fardo.
“Não por
obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele
nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”
- Tito
3:5
“Pela
graça sois salvos, mediante a fé; e
isto não vem de vós; é dom de Deus.”
-
Efésios 2:8
Muitos têm atendido o chamado de
Cristo:
“Vinde a
mim; todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei."
– Mateus 11:28
“Pedi, e
dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o
que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.”
–
Mateus 7:7
Muitos hoje procuram nossas igrejas
em busca deste conforto espiritual, desta porta aberta, e do alívio para
suas tristezas e anseios. Mas, muitas vezes são surpreendidos com o
excesso de regras e normas que lhes são apresentadas por alguns irmãos,
os quais, infelizmente estão agindo da mesma forma que os fariseus do
tempo de Cristo.
As doutrinas apresentadas a estas
pessoas, são desprovidas da graça e do amor de Cristo, sendo baseadas
apenas nas obras pessoais, no legalismo, tornando-se desta forma algo
penoso e impactante. Essas pessoas geralmente vão embora com uma
impressão errada da igreja e muito provavelmente para não mais
voltarem. Atenderam o chamado de Cristo, mas foram impedidos de
entrarem pela porta da graça redentora de Cristo Jesus, encontraram a
porta fechada.
A nossa santificação provêm de intima
comunhão com o Salvador e aperfeiçoamento do amor a Deus e ao próximo. O
cristão deve servir a Cristo por amor e não por necessidade ou medo do
juízo final.
17 Assim
o amor na nossa vida está completo para que tenhamos coragem no Dia do
Juízo, porque a nossa vida neste mundo é como a vida de Cristo.
18 No
amor não há medo; o amor completo afasta o medo. Portanto, naquele que
tem medo o amor não está completo, porque o medo mostra que existe
castigo.
19 Nós
amamos porque Deus nos amou primeiro.
Ser ou não ser filho de Deus não
depende de sangue, carne ou obras, mas de nossa fé nEle; há filhos de
Deus em todas as partes e não são poucos; muitos hoje gastam precioso
tempo criticando e julgando os outros, consideram-se féis filhos de
Deus, mas na realidade não o são.
Ser filho de Deus não é apenas crer
nEle, mas obedecer-lhe por amor.
Devemos tomar muito cuidado para não
pensarmos que nossa condição como igreja da profecia bíblica nos tornará
aptos a alcançarmos o Céu.
Ellen White adverte sua igreja quanto
a isso:
“Nas
balanças do santuário há de ser pesada a Igreja Adventista do Sétimo
Dia. Ela será julgada pelos privilégios e vantagens que tem desfrutado.
Se sua experiência espiritual não corresponde às vantagens que, a preço
infinito, Cristo lhe concedeu; se as bênçãos que lhe foram conferidas
não a habilitarem para fazer a obra que lhe foi confiada, sobra ela será
pronunciada a sentença: ‘Achada
em falta.’
Pela luz que lhe foi concedida, pelas oportunidades dadas, será ela
julgada.” –
Testemunhos Seletos, vol. III, pág. 251.
Muito cuidado deve-se ter com os
hábitos extremistas, pois estes comprometem a mensagem que Deus confiou
ao seu povo aqui na terra.
A baixo apresentamos um exemplo da
prática de hábitos extremistas, o qual foi relatado na Revista
Adventista, edição do mês de dezembro de 2002, sob o título: “Equilíbrio
na Reforma de Saúde”.
O artigo narra o caso de dois pais
adventistas da Nova Zelândia, que foram condenados por homicídio
involuntário, devido à morte de seu bebê de seis meses, ocorrido em 29
de março de 2002. O mais lamentável é que a morte foi totalmente
contrária à razão, além do fato perturbador de que o comportamento do
casal que resultou na morte da criança, é dito estar baseado na mensagem
adventista de saúde.
O júri concluiu que o casal era
culpado de “não atender as necessidades vitais durante três meses, antes
que o bebê morresse.”
“1 Aceitem
entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões dessa pessoa.
2 Por
exemplo, algumas pessoas crêem que podem comer de tudo, mas quem é fraco
na fé come somente verduras e legumes.
3 Quem
come de tudo não deve desprezar quem não faz isso, e quem só come
verduras e legumes não deve condenar quem come de tudo, pois Deus o
aceitou...
10
Portanto, por que é que você, que só come verduras e legumes, condena o
seu irmão? E, você, que come de tudo, por que despreza o seu irmão? Pois
todos nós estaremos diante de Deus para sermos julgados por ele.
12 Assim,
cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus.
13 Por
isso paremos de criticar uns aos outros. Pelo contrário, cada um de
vocês resolva não fazer nada que leve o seu irmão ou a sua irmã a
tropeçar ou cair em pecado.
17 Pois o
Reino de Deus não é uma questão de comida ou de bebida, mas de viver
corretamente, em paz e com a alegria que o Espírito Santo dá.
18 E quem
serve a Cristo dessa maneira agrada a Deus e é aprovado por todos.
19 Por isso
procuremos sempre as coisas que trazem a paz e que nos ajudam a
fortalecer uns aos outros na fé.
20 Por
uma questão de comida, não destrua o que Deus fez.”
Paulo nos
aconselha a não julgarmos nossos irmãos na fé, e que, “por uma
questão de comida não devemos destruir o que Deus fez.” É claro que
Paulo, ao nos advertir para não entramos em contenda sobre questões de
alimentação, não esta querendo dizer que podemos comer alimentos
imundos, essa não era a questão em debate.
Na cruz,
Cristo, o Filho de Deus, suportou a condenação do pecado do mundo, e
assim toda pessoa que pela fé reivindica o que Cristo fez, se torna
legalmente justificado à vista do Pai.
“Mas, ao
que não trabalha, porém crê nAquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe
é atribuída como justiça.” Romanos 4:5
Pela fé
somente, e não pelas obras da lei, podemos nos colocar diante do Pai na
perfeição e justiça de Seu Filho Jesus Cristo.
“Logo, já
não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora,
tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo
se entregou por mim.” - Gálatas 2:20.
Que possamos diariamente refletir o
caráter de Cristo em nosso viver, através dos exemplos que Ele nos
deixou, renovando assim nossa consagração a Deus e à Sua causa.
Adilson de Souza
Florianópolis - SC
|