Ao longo da leitura deste estudo,
pudemos comprovar que a doutrina da Santíssima Trindade como pregada
pela igreja Católica e por várias denominações protestantes não tem base
bíblica. Na verdade, a palavra “Trindade” ou “Triúno” nunca foi
utilizada pelos autores bíblicos. Esta doutrina é completamente estranha
aos israelitas do Velho Testamento e aos cristãos do Novo Testamento.
Nesta seção mostraremos como a doutrina da Santíssima Trindade foi
introduzida paulatinamente na igreja cristã.
10.1 -
“Paganização” do Cristianismo
Nos primeiros séculos da era cristã o
mundo estava sob o controle dos romanos. Os imperadores daquela época
perceberam que poderiam governar com maior facilidade utilizando-se da
religião, unindo a igreja com o estado. Mas estes governantes tinham um
desafio: agradar os dois maiores grupos religiosos da época:
cristãos e pagãos.
A forma encontrada foi adaptar o
cristianismo ao paganismo e vice-versa. Isso causou o que podemos chamar
de paganização da religião cristã.
Muitas práticas surgiram como mistura
de conceitos da cultura pagã com a cultura judaico-cristã. Um exemplo é
a adoração de imagens de escultura, algo abominável para os apóstolos e
profetas do Velho Testamento por ser prática claramente pagã.
Mas a nova idolatria era adaptada
para agradar aos cristãos. As imagens estabelecidas eram de Jesus e dos
apóstolos e pretendiam apenas representar a divindade e os santos
apóstolos - a princípio sem o objetivo de adoração, mas que demonstrou
ser uma direta transgressão do primeiro e segundo mandamentos: “Não
terás outros deuses diante de mim” e “não farás para ti imagens
de escultura”. Desta forma, misturando o paganismo com o
cristianismo, tais imperadores conseguiram agradar o grupo de pagãos e o
de cristãos.
Os conceitos básicos para o
estabelecimento da Doutrina da Trindade surgiram dentro deste
contexto como forma de conciliar o culto politeísta dos pagãos com o
culto cristão de adoração a um único Deus.
Uma boa forma para agradar cristãos e
pagãos seria o estabelecimento de um culto de um Deus formado por três
pessoas. Desta forma, mais uma pessoa foi introduzida na unidade do Pai
com o Filho.
Agora não mais dizem como Cristo:
“Eu e o Pai somos um”, mas sim “Eu o Pai, e o
Espírito Santo são um”.
10.2 - O Concílio de Nicéia
De acordo com a Wikipedia,
enciclopédia da Internet, “O primeiro concílio de Nicéia teve o lugar
em 325 a.d. durante o
reinado do imperador romano Constantino I (o primeiro imperador romano a
aderir ao cristianismo). Foi a primeira conferência de bispos ecumênica
da igreja católica.”
Naquela ocasião a igreja atravessava
uma grande controvérsia com relação à natureza de Cristo. Várias teorias
surgiram para explicar a questão da divindade e/ou humanidade de Cristo.
A maior parte destas teorias estava bem longe da verdade e da
simplicidade da Palavra de Deus. Um dos nomes mais famosos da época é o
de Arius que questionava a divindade de Cristo defendendo uma posição
muito parecida com a doutrina dos Testemunhas de Jeová (por isso são
conhecidos como Arianos).
“Na controvérsia ariana colocava-se um obstáculo grande à realização da
idéia de Constantino de um império universal que deveria ser alcançado
com a ajuda da uniformidade da adoração divina”,
complementa a enciclopédia Wikipedia.
Vendo o império dividido nesta
questão e almejando a unidade, Constantino convocou para o verão de 325
a.d. os bispos de todas as províncias. Um grande número de bispos
atendeu à convocação de Constantino para o Primeiro Concílio de
Nicéia que foi aberto formalmente em 20 de Maio daquele ano.
Após um mês, em 19 de Junho foi
promulgado o Credo de Nicéia. O “credo” era um documento
preparado pela liderança da igreja que continha as crenças fundamentais
que todos os cristãos deveriam professar. Quem não professasse este
conjunto de doutrinas era expulso da igreja. Isto aconteceu com alguns
bispos que discordaram do Credo de Nicéia.
10.3 - O Credo de Nicéia
“Creio em um único Deus e Pai
Onipotente, que fez o Céu e a Terra; e em um único Senhor Jesus
Cristo, Filho de Deus, unigênito do Pai, nascido antes de todos os
séculos, Deus de Deus, consubstancial com o Pai, que desceu dos Céus, e
foi encarnado do Espírito Santo pela Virgem Maria; e no Espírito
Santo, Senhor e Vivificante, que procede do Pai e do Filho, que
é adorado e glorificado com o Pai e o Filho.”
10.4 - O Credo de Atanásio
(Produzido pouco depois do
Concílio de Nicéia, onde o conceito da Trindade ficava mais claro).
“A Fé católica [universal] é que
veneramos um único Deus na Trindade, e a Trindade na Unidade, sem
confundir as Pessoas e sem separar a substância' (...) Outra é a Pessoa
do Pai, outra a Pessoa do Filho, e outra a Pessoa do Espírito Santo
(...) O Pai é Deus e Senhor, o Filho é Deus e Senhor, e o Espírito
Santo é Deus e Senhor (...) Mas, assim como somos forçados pela
verdade cristã a confessar cada Pessoa Deus e Senhor em particular, do
mesmo modo somos impedidos pela religião católica de dizer três
Deuses ou três Senhores.”
10.5 - O Credo Católico de Hoje
“A Igreja estudou este mistério com
grande solicitude e, depois de quatro séculos de investigações, decidiu
expressar a doutrina deste modo: Na unidade da Divindade há três pessoas
– o Pai, o Filho e o Espírito Santo – realmente distintas uma da
outra. Assim nas palavras do Credo de Atanásio: “O Pai é Deus, o
Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus, e no entanto não são três
deuses, mas um só Deus.” (O Catecismo do Católico de Hoje Pág. 12
(Número 1248 da Editora Santuário – Edição 28 – 2002).
É importante lembrar que o Concílio
de Nicéia não estabeleceu apenas os fundamentos para a doutrina da
trindade. Outras decisões foram tomadas pelos bispos da igreja católica
em 325 a.d.
Segundo a enciclopédia Wikipedia
“outra decisão do concílio
de Nicéia consistiu na transferência do dia de descanso semanal do
Sábado para o Domingo. Antes da religião cristã conseguir o
reconhecimento oficial de Roma, judeus e cristãos tinham tradições e
festejos em comum.”
Sabemos que os pagãos adoravam o sol e os cristão e judeus guardavam o
sábado.
Novamente uma nova doutrina foi
estabelecida, os cristãos poderiam continuar guardando um dia por
semana, o dia do Sol (Sunday, em inglês). Desta forma, novamente
cristãos e pagãos poderiam se unir no novo sistema de adoração meio
pagão, meio cristão.
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