Como é possível conhecer a Deus? O
apóstolo Paulo responde:
“Porque qual dos homens sabe as
coisas do homem senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também
as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o espírito de Deus. Ora, nós
não temos recebido o espírito do mundo, e, sim, o espírito que vem de
Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.” -
I Coríntios 2:11 e 12.
Este verso deixa claro que assim como
o homem tem um espírito que conhece tudo a seu respeito, Deus também tem
o seu espírito e por esta razão só é possível obter o conhecimento pleno
de Deus através do espírito de Deus.
Então, para conhecermos a Deus, é
importante buscarmos na sua Palavra revelações sobre o espírito Santo de
Deus. A Palavra de Deus, especialmente o Novo Testamento, traz muitas
revelações sobre a maravilhosa obra do espírito Santo e fala um pouco
sobre sua natureza. Mas muitos fazem confusão a respeito da essência e
natureza do espírito Santo. Quem é na verdade o espírito Santo? Alguns
dizem que é o poder de Deus, outros pregam que é a terceira pessoa da
trindade, outros ainda argumentam que o espírito Santo é o anjo Gabriel.
Finalmente há aqueles que não têm muita disposição para um estudo mais
aprofundado e se acomodam alegando que se trata de um mistério sem
importância para a salvação.
Passo a passo, verso a verso, com
humildade e simplicidade, sem interpretações que vão além do que está
escrito, vamos aprender um pouco mais sobre o espírito Santo.
Para iniciarmos o estudo sobre o
espírito Santo vamos nos limitar a descrever duas características
incontestáveis relacionadas a ele. E a partir destas duas
características, desenvolveremos nosso estudo.
Aqui estão elas:
1. O espírito Santo é espírito
2. O espírito Santo é Santo
Isso pode parecer um conceito muito
básico e óbvio, mas é incrível como muitas pessoas duvidam que o
espírito Santo seja um espírito no sentido original da palavra.
Vamos buscar compreender o que os autores da Bíblia queriam dizer quando
escreviam a palavra “espírito”.
Para uma compreensão satisfatória da
Bíblia, devemos procurar saber qual era a intenção dos autores bíblicos.
O que um escritor bíblico, profeta ou apóstolo, tinha em mente quando
escrevia a palavra “espírito”? Quando ouvimos a palavra “espírito” nossa
interpretação é a mesma do profeta ou apóstolo?
Em nossa cultura, fortemente
influenciada pelo catolicismo e espiritismo, sempre que se fala em
“espírito” a tendência natural é imaginar uma força desencarnada atuando
independentemente do corpo - uma entidade autônoma, invisível,
consciente. Este é o conceito popular, pregado por algumas religiões e
apresentado em filmes e novelas. Lamentavelmente este conceito já
popularizado tem afetado negativamente a compreensão bíblica, pois
sempre que se lê a palavra “espírito”, o estudante da Bíblia é
influenciado pelo conceito popular.
Veremos que para os escritores
bíblicos o significado da palavra “espírito” era bem diferente deste
conceito popular. Para que cresçamos no conhecimento de Deus e do seu
espírito temos que restabelecer o conceito original. Então poderemos ter
uma visão clara do que a Bíblia ensina sobre o espírito do homem e sobre
o espírito de Deus.
3.2 - A Definição
de “espírito” no Velho Testamento
No Velho Testamento, escrito em
hebraico, o original da palavra “espírito” é ruach.
Originalmente ruach significa fôlego, vento, sopro e respiração e
se aplica tanto ao espírito dos animais quanto ao espíritos dos homens,
espíritos malignos e espírito de Deus. Veja alguns exemplos:
“Na verdade há um espírito (ruach) no
homem, e o sopro do Todo-poderoso o faz entendido.” - Jó 32:8.
“Nas tuas mãos entrego o meu espírito
(ruach); tu me remiste, Senhor, Deus da verdade.” - Salmo 31:5.
“Sai-lhes o espírito (ruach) e eles
tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios.” - Salmo
146:4.
“E o pó volte à terra, como o era, e
o espírito (ruach) volte a Deus, que o deu.” -Eclesiastes 12:7.
“Fala o Senhor, o que estendeu o céu,
fundou a terra e formou o espírito (ruach) do homem dentro dele.” -
Zacarias 12:1.
Algumas vezes a palavra ruach
é traduzida como sopro, hálito ou respiração do ser humano. Confira:
“Enquanto em mim estiver a minha
vida, e o sopro (ruach) de Deus nos meus narizes...” - Jó 27:2.
“O meu hálito (ruach) é intolerável à
minha mulher, e pelo mau cheiro sou repugnante aos filhos de minha mãe.”
- Jó 19:17.
“Se lhes cortas a respiração (ruach),
eles morrem, e voltam ao seu pó.” - Salmos 104:29.
Portanto, a intenção do autor bíblico
ao escrever a palavra ruach não era descrever uma entidade
desencarnada autônoma, invisível e consciente conforme muitos crêem, mas
descrever o fôlego de vida, o sopro vital cuja fonte é Deus. Portanto,
para fins de tradução e interpretação bíblica, a palavra espírito é
sinônimo de sopro, hálito, respiração, pois têm a mesma origem no
hebraico: ruach.
O espírito de Deus também é chamado
de ruach no Antigo Testamento. Como vimos, a palavra ruach
significa originalmente sopro, vento, fôlego.
“Então disse o Senhor: O meu espírito
(ruach) não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus
dias serão cento e vinte anos.” - Gênesis 6:3.
“Disse Faraó aos seus oficiais:
Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o espírito (ruach)
de Deus?” - Gênesis 41:38.
“Tendo-se retirado de Saul o espírito
(ruach) do Senhor, da parte deste um espírito (ruach) maligno o
atormentava.” - I Samuel 16:14.
Note que neste último verso a palavra
ruach é usada tanto para definir o ruach maligno quanto
para descrever o ruach de Deus. São dois espíritos diferentes.
Surge, então, a seguinte questão com relação à independência e autonomia
destes espíritos: O espírito (ruach) do Senhor é uma pessoa e o
Senhor é outra pessoa distinta? Isso também vale no caso do espírito
(ruach) maligno? Ou seja, o maligno é um ser pessoal e o ruach
do maligno é outra pessoa diferente? Pense nisso antes de continuar! Em
sua resposta cuidado para não ser influenciado pelo conceito popular de
espírito. Lembre-se do conceito bíblico.
Jó costuma comparar o espírito de
Deus com o seu sopro:
“O espírito (ruach) de Deus me fez; e
o sopro do Todo-poderoso me dá vida.” - Jó 33:4.
“Se Deus pensasse apenas em si mesmo,
e para si recolhesse o seu espírito (ruach) e o seu sopro, toda a carne
juntamente expiraria e o homem voltaria para o pó.” - Jó 34:14 e 15.
Algumas vezes o ruach de Deus
não é traduzido como espírito, mas como sopro ou respiração. Veja:
“Os céus por sua palavra se fizeram,
e pelo sopro (ruach) de sua boca o exército deles.” - Salmo 33:6.
“A sua respiração (ruach) é como a
torrente que transborda e chega até ao pescoço...” - Isaías 30:28.
Estas traduções para ruach
(sopro e respiração) estão perfeitamente adequadas e de acordo com a
definição original de ruach no hebraico, pois a definição
original de ruach, no hebraico, é sopro, fôlego, respiração e
vento. Veremos mais exemplos adiante.
É interessante notar que os animais
também possuem ruach, mas para diferenciar dos seres humanos e de
Deus, na maioria das vezes o ruach dos animais é traduzido como
“fôlego de vida”. Esta
forma de traduzir também está de acordo com o sentido original da
palavra. Veja estes exemplos:
“Porque estou para derramar águas em
dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego (ruach)
de vida debaixo dos céus: tudo o que há na terra perecerá.” - Gênesis
6:17.
“De toda a carne, em que havia fôlego
(ruach) de vida, entraram de dois em dois para Noé na arca.” - Gênesis
7:15.
“Porque o que sucede aos filhos dos
homens, sucede aos animais; o mesmo lhe sucede: como morre um, assim
morre o outro, todos têm o mesmo fôlego (ruach) de vida, e nenhuma
vantagem tem o homem sobre os animais...” - Eclesiastes 3:19.
A palavra ruach aparece 379
vezes em 348 versos no Velho Testamento e, embora seja traduzida como
espírito em vários textos, ruach também é traduzida como fôlego
de vida, vento, sopro e ar. Note que não há nenhuma interpretação
particular nesta direção. Este é realmente o significado original da
palavra ruach. Veja outras traduções possíveis, sinônimos de
espírito:
“... Deus fez soprar um vento (ruach)
sobre a terra e baixaram as águas” - Gênesis 8:1.
“E eis que tudo era vaidade e correr
atrás do vento (ruach)” - Eclesiastes 1:14 u.p.
“Com o hálito de Deus perecem; e com
o assopro (ruach) da sua ira se consomem.” - Jó 4:9.
“Lembra-te de que minha vida é um
sopro (ruach).” - Jó 7:7.
“A tal ponto uma se chega à outra que
entre elas não entra nem o ar (ruach)” - Jó 41:16.
Em alguns versos a palavra ruach
é traduzida como mente ou ânimo. Neste caso, o tradutor entendeu que a
palavra ruach foi utilizada num sentido figurado, simbólico e,
portanto, não deveria ser traduzida ao pé da letra como espírito, vento
ou fôlego:
“Deu Davi a Salomão, seu filho, a
planta do pórtico com as suas casas, ... também a planta de tudo quanto
tinha em mente (ruach), com referência aos átrios da casa do Senhor.” -
I Crônicas 28:11 e 12.
“Despertou, pois, o Senhor, contra
Jeorão o ânimo (ruach) dos filisteus, e dos arábios que estão da banda
dos etíopes.” - II Crônicas 21:16.
Através do método de comparação de
versos bíblicos, podemos reconhecer que o espírito de Deus é, de um modo
figurado, sua própria mente.
Isaías
40:13 |
Romanos
11:34 |
I
Coríntios 2:16 |
“Quem
guiou o espírito do Senhor? Ou, como seu
conselheiro, o ensinou?” |
“Quem,
pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o
seu conselheiro?” |
“Pois,
quem conheceu a mente do Senhor, que o possa
instruir?” |
|
De nossa breve análise no Velho
Testamento, concluímos que o espírito de Deus é o ruach de Deus,
ou seja, o fôlego ou o sopro do único Deus Todo-Poderoso e não uma outra
pessoa da divindade. Da mesma forma o espírito (pneuma) do homem
é o fôlego de vida do homem e não uma pessoa diferente.
Porventura o Novo Testamento confirma
o conceito de “espírito” do Velho Testamento?
3.3 - A Definição de
“espírito” no Novo Testamento
Acredita-se que a maior parte do Novo
Testamento foi escrita em grego onde a palavra espírito é pneuma.
Esta palavra grega tem o mesmo significado de ruach no
hebraico, ou seja, é um sinônimo de espírito, fôlego, vento, sopro, ar.
É da palavra pneuma que derivam algumas palavras da língua
portuguesa tais como pneu, pneumático, pneumonia - todas relacionadas à
respiração ou ao ar.
Nos versos a seguir aprenderemos um
pouco mais sobre o que os escritores do Novo Testamento queriam
transmitir ao escrever “pneuma de Deus” ou “pneuma Santo”.
Será que a intenção dos apóstolos ao escrever “pneuma de Deus”
era se referir a uma outra pessoa da divindade? Ou estavam se referindo
ao fôlego, sopro de Deus?
No Novo Testamento a expressão
pneuma hagios é traduzida como espírito Santo, pneuma theos é
traduzida como espírito de Deus, pneuma iesous cristos como
espírito de Jesus Cristo. Vejamos alguns exemplos da utilização da
palavra pneuma:
“Ele, porém, vos batizará com o
espírito (pneuma) Santo.” - Marcos 1:8.
“Não sabeis que sois santuário de
Deus, e que o espírito (pneuma) de Deus habita em vós?” - I Coríntios
3:16.
“Mas vós vos lavastes, mas fostes
santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo
e no espírito (pneuma) do nosso Deus.” - I Coríntios 6:11.
“Então vi, no meio do trono e dos
quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tinha
sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos que são os sete
espíritos (pneuma) de Deus enviados por toda a terra.” - Apocalipse 5:6.
“E, havendo dito isto, soprou sobre
eles, e disse-lhes: Recebei o espírito (pneuma) Santo.” - João 20:22.
Este último verso é um dos exemplos
mais elucidativos pois mostra que o espírito Santo é realmente o
pneuma de Cristo, ou seja, o fôlego, sopro de Cristo. O evangelista
deixa claro que o espírito Santo foi soprado por Jesus
sobre seus discípulos. Não há dúvidas aqui. O espírito Santo é o próprio
pneuma de Cristo, não uma entidade independente, mas parte
integrante de Jesus Cristo e de Deus.
“Porque qual dos homens sabe as
coisas do homem senão o seu próprio espírito (pneuma) que nele está?
Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o espírito (pneuma)
de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito (pneuma) do mundo, e,
sim, o espírito (pneuma) que vem de Deus, para que conheçamos o que por
Deus nos foi dado gratuitamente.” - I Coríntios 2:11 e 12.
“Pois todos os que são guiados pelo
espírito (pneuma) de Deus são filhos de Deus... O próprio espírito (pneuma)
testifica com o nosso espírito (pneuma) que somos filhos de Deus.” -
Romanos 8:14 e 16.
Perceba que nestes dois últimos
versos, a palavra pneuma também foi utilizada para designar o
espírito do homem.
É importantíssimo ressaltar que
convencionou-se escrever espírito de Deus com “E”
maiúsculo e espírito do homem com “e” minúsculo. Neste
estudo também adotamos este padrão, mas não foi assim no grego. Veremos
adiante que não existia esta diferença no grego. Os autores bíblicos não
diferenciavam o espírito do homem do espírito de Deus através de letras
minúsculas e maiúsculas.
Assim como ruach no Velho
Testamento, a palavra grega pneuma também se aplica ao espírito
do homem.
(Ressurreição da filha de Jairo):
“Voltou-lhe o espírito (pneuma), e ela imediatamente se levantou, e ele
mandou que lhe dessem de comer.” - Lucas 8:55.
“O espírito (pneuma) está pronto, mas
a carne é fraca.” - Marcos 14:38.
“Porque trouxeram refrigério ao meu
espírito (pneuma) e também ao vosso.” - I Coríntios 16:18.
“Porque assim como o corpo sem
espírito (pneuma) é morto, assim também a fé sem obras é morta.” - Tiago
2:26.
Este verso de Tiago reafirma nossa
crença sobre a impossibilidade de um espírito (pneuma) subsistir
sem corpo. Biblicamente, para que uma pessoa tenha vida é necessário o
espírito (pneuma) e o corpo.
“O mesmo Deus da paz vos santifique
em tudo; e o vosso espírito (pneuma), alma e corpo sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” - I
Tessalonicenses 5:23.
Neste último verso o apóstolo Paulo
cita o espírito, a alma e o corpo. Isto nos faz lembrar dos elementos
constituintes do ser humano e automaticamente nos remete ao relato da
criação que explica como o homem foi formado:
“Então formou o Senhor Deus o homem
do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida,
e o homem passou a ser alma vivente.” - Gênesis 2:7.
Podemos entender que o homem é
formado de pó (corpo físico) mais espírito (fôlego da vida) resultando
numa alma vivente.
CORPO
(Pó da Terra) + ESPÍRITO
(Fôlego de vida) = ALMA (Pessoa viva)
Logo, é errado dizer que o homem
tem uma alma, mas é correto dizer que ele é uma alma vivente
composta por corpo e espírito.
Não podemos nos influenciar pelo
conceito popular achando que o homem é uma pessoa e o seu espírito é
outra pessoa, entidade independente que subsiste fora do corpo. O
pneuma do homem é parte integrante do seu ser. Da mesma forma o
pneuma de Deus é parte integrante de Deus, não uma outra pessoa. Um
espírito, de acordo com a própria definição de pneuma dada por
Cristo, não tem corpo:
“Eles, porém, surpresos e
atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito (pneuma)...Vede
minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai,
porque um espírito (pneuma) não tem carne nem ossos, como vedes que eu
tenho.” - Lucas 24:37 e 39.
O pneuma não tem carne e
ossos, ou seja, um pneuma não tem corpo! Portanto, o espírito (pneuma)
não é uma pessoa de acordo com o conceito bíblico, segundo o qual uma
pessoa é composta de corpo e espírito.
“Então Jesus clamou em alta voz: Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito (pneuma)!” - Lucas 23:46.
“E, porque vós sois filhos, enviou
Deus aos nossos corações o espírito (pneuma) de seu Filho que clama:
Aba, Pai.” - Gálatas 4:6.
Cristo possuía o mesmo pneuma
do Pai, um pneuma que é compartilhado pelo Pai e pelo Filho - é
isto que os fazem um. Reforçaremos este conceito posteriormente.
A palavra pneuma aparece 385 vezes no
Novo Testamento e na maioria das vezes é traduzida como espírito. Mas
assim como ruach, há outras traduções possíveis como sopro, fôlego e
vento:
“Ainda quanto aos anjos, diz: Aquele
que a seus anjos faz ventos (pneuma), e a seus ministros, labareda de
fogo.” - Hebreus 1:7.
“De repente veio do céu um som, como
de um vento (pnoe) impetuoso e encheu toda a casa onde estavam
assentados... Todos ficaram cheios do espírito (pneuma) Santo...” Atos
2: 2 e 4.
“Então será de fato revelado o
iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro (pneuma) de sua boca e
o destruirá pela manifestação de sua vinda.” - II Tessalonicenses 2:8.
“E lhe foi dado comunicar fôlego (pneuma)
à imagem da besta, para que, não só a imagem falasse, como ainda fizesse
morrer quantos não adorassem a imagem da besta.” - Apocalipse 13:15.
Note que interessante o próximo
verso! Nele a palavra pneuma aparece duas vezes e é traduzida
inicialmente como “vento” e no final do verso como “espírito”:
“O vento (pneuma) sopra onde quer,
ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é
todo o que é nascido do espírito (pneuma)” - João 3:8.
Embora a Bíblia apresente o nome do
Pai (Jeová ou Yaweh em hebraico) e o nome do Filho (Jesus ou Yeshua em
hebraico), o nome do espírito Santo não nos é apresentado.
O tradutor da Bíblia, ao traduzir a
palavra pneuma (espírito), o fez com letra maiúscula. No entanto,
a palavra pneuma, originalmente não foi escrita desta forma. Os
manuscritos mais antigos do Novo Testamento são alguns fragmentos de
papiro escritos em uncial. O padrão uncial utilizava-se de letras
maiúsculas apenas. Este padrão continuou sendo utilizado nos pergaminhos
até o século XI, quando a escrita minúscula começou a ser adotada.
Fica claro que escrever “espírito
Santo” com iniciais maiúsculas é uma convenção adotada posteriormente.
Veja um exemplo na Bíblia em Grego Moderno (Atos 13:9) a diferença entre
a letra pi minúscula, usada para escrever pneuma (um substantivo)
e a letra pi maiúscula usada para escrever Paulos (um nome
próprio):
O fato da expressão “espírito Santo”
ou “espírito de Jesus Cristo” ser sempre escrita com “E” maiúsculo em
português tem influenciado o subconsciente de muitos crentes sinceros no
sentido de aceitar a doutrina de que o espírito Santo é uma pessoa
distinta do Pai e do Filho. Mas é importante destacar que quando os
apóstolos escreviam espírito Santo, não havia esta distinção. Nós
escrevemos espírito Santo com letras maiúsculas em português apenas por
uma convenção, um hábito na realidade muito questionável, pois tal
convenção não existia originalmente.
3.5 - O espírito
Santo, o espírito de Cristo e o espírito de Deus
A Palavra de Deus afirma que assim
como o homem tem um pneuma como parte integrante do seu ser, Deus
também tem um pneuma. Vejamos novamente o que diz I Coríntios
2:11:
“Porque qual dos homens sabe as
coisas do homem senão o seu próprio espírito (pneuma) que nele está?
Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o espírito (pneuma)
de Deus.” - I Coríntios 2:11.
Novamente é importante notar que em
português o “espírito” de Deus é escrito com “E” maiúsculo e o
“espírito” do homem é escrito com “e” minúsculo. Mas não é assim no
original grego. Tanto o espírito de Deus quanto o espírito do homem são
escritos absolutamente da mesma forma. Portanto não há porque
interpretar que o espírito de Deus é uma outra pessoa e o
espírito do homem não é uma outra pessoa.
Assim como o homem, Deus possui
dentro de si um pneuma que é um atributo que não pode ser
separado dEle. Algumas religiões como o Espiritismo, por exemplo, pregam
que é possível o espírito (pneuma) existir independentemente ou
separadamente do corpo do seu possuidor, mas não é isso que a Palavra de
Deus diz. Segundo a Bíblia um corpo sem pneuma é um corpo
morto.Veja:
“Então Jesus clamou em alta voz: Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito (pneuma)! E dito isto expirou.” -
Lucas 23:46.
“E o pó volte à terra, como o era, e
o espírito (ruach) volte a Deus, que o deu.” -Eclesiastes 12:7.
Da mesma forma um espírito (pneuma)
com existência e personalidade própria (independente do possuidor) é um
conceito defendido pelo Espiritismo e pelo Trinitarianismo.
É inquestionável que Deus tenha,
assim como o homem, um pneuma como parte constituinte do seu ser.
Por essa razão, alguns defensores da trindade interpretam de forma
diferenciada o espírito Santo e o espírito de Deus. Alegam que o
espírito de Deus é um atributo intrínseco do Pai, mas que o espírito
Santo é uma outra pessoa - a terceira pessoa da trindade. Porventura
existe esta diferença entre espírito de Deus e espírito Santo?
Através de um estudo por comparação
de versos é possível descobrir que o Pai e o seu Filho Jesus
compartilham o mesmo pneuma, qual seja, o espírito Santo. Veremos
adiante que não há diferença entre espírito de Deus, espírito de Cristo
e espírito Santo.
“Não sabeis que sois santuário de
Deus, e que o espírito (pneuma) de Deus habita em vós?” - I
Coríntios 3:16.
“Acaso não sabeis que vosso corpo é
santuário do espírito (pneuma) Santo que está em vós, o qual
tendes da parte de Deus.” - I Coríntios 6:19.
Após análise destes dois versos,
concluímos inequivocamente que o espírito Santo é o próprio espírito (pneuma)
de Deus e não uma terceira pessoa. É o próprio pneuma de Deus que
habita em nós.
Paulo confirma que o espírito Santo
não é uma terceira pessoa, mas é sim o próprio pneuma de Deus,
colocando-os (espírito de Deus e espírito Santo) como expressões
equivalentes novamente:
“Por isso vos faço compreender que
ninguém que fala pelo espírito (pneuma) de Deus afirma: Anátema
Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus! senão pelo
espírito Santo.” - I Coríntios 12:3.
Há muitos outros versos que servem
como evidência clara de que o espírito Santo é o próprio pneuma
de Deus. Vejamos este último par de versos de Paulo aos Efésios sobre o
selamento:
“... tendo nele também crido, fostes
selados com o Santo espírito da promessa.” - Efésios 1:13.
“E não entristeçais o espírito de
Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.” -
Efésios 4:30.
Biblicamente, temos evidências
suficientes para afirmar que...
espírito
Santo = espírito (pneuma)
de Deus
E o que dizer do espírito de Cristo?
É correto afirmar que o espírito de Cristo e o espírito de Deus são
sinônimos? Vejamos:
“Vós, porém, não estais na carne, mas
no espírito, se de fato o espírito (pneuma) de Deus habita em
vós. E se alguém não tem o espírito (pneuma) de Cristo, esse tal
não é dele.” - Romanos 8:9.
Este verso nos dá condições de
afirmar que
espírito
(pneuma)
de Cristo = espírito (pneuma)
de Deus
Deus, o Pai e seu Filho, Jesus
Cristo, compartilham o mesmo espírito (pneuma), por esta razão
são um.
“Eu e o Pai somos um.” - João 10:30.
“Tudo quanto o Pai tem é meu...” -
João 16:15.
Jesus Cristo e o seu Pai são duas
pessoas distintas, mas são um em espírito. Jamais lemos na Bíblia “eu, o
Pai e o espírito Santo somos um”! Reiteramos: O Pai e o Filho são um
porque possuem o mesmo pneuma (espírito). O espírito de Cristo
está no Pai e o espírito do Pai está no Filho:
“Quem me vê a mim vê o Pai...
Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim.” - João 14:9 e 11.
Ora, é impossível aceitar que o Pai
está no Filho e o Filho está no Pai de forma física. É claro que Cristo
está dizendo que o Pai está espiritualmente no Filho e o Filho está
espiritualmente no Pai.
Da mesma forma podemos ser um com
Deus e com Cristo se recebermos em nós o espírito (pneuma) de
Deus. Isso Jesus deixou claro em sua oração intercessória relatada em
João 17:
“A fim de que todos sejam um;
e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós;
para que o mundo creia que tu me enviaste.” - João 17:21.
O plano de Deus é que sejamos um com
Ele e com o Pai. Não uma pessoa fisicamente falando, mas uma unidade
espiritual, ou seja, que tenhamos o mesmo espírito (pneuma) de
Deus e de Cristo, mesmo sendo pessoas diferentes.
“Mas aquele que se une ao Senhor é um
espírito com ele.” - I Coríntios 6:17.
O espírito Santo é o próprio espírito
de Cristo e em certas ocasiões o autor bíblico alterna estes dois
termos:
“E percorrendo a região frígio-gálata,
tendo sido impedidos pelo espírito Santo de pregar a palavra na
Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o espírito de
Jesus não o permitiu.” - Atos 16:6 e 7.
Não haveria necessidade de
apresentarmos mais versos comprovando que espírito de Deus, espírito de
Cristo e espírito Santo são utilizados como sinônimos na Bíblia e que se
tratam do próprio pneuma (fôlego / espírito) de Deus. Mas como
último verso, lembramos o que está escrito em João 20:22:
“E, havendo [Jesus] dito isto, soprou
sobre eles, e disse-lhes: Recebei o espírito (pneuma) Santo.” - João
20:22.
Fica então claro que o espírito Santo
é o próprio espírito (pneuma) de Jesus, ou seja, seu fôlego, seu
sopro vital e não uma terceira pessoa distinta do Pai e de Cristo.
espírito
(pneuma)
de Cristo = espírito (pneuma)
de Deus = espírito Santo
A reposta para a pergunta “Quem é o
espírito?” nunca esteve tão próxima:
“Ora o Senhor é o espírito; e onde
está o espírito do Senhor aí está a liberdade.” - II Coríntios 3:17.
Sem dúvidas esta é a melhor resposta
para a pergunta “Quem é o espírito?” Paulo acaba de responder: “O
Senhor é o espírito.”
Neste verso a palavra traduzida por
“espírito” é a palavra grega “Pneuma”.
A Lição da Escola Sabatina do 2º.
Trimestre de 1999 confirma o que acabamos de expor:
Se o espírito no que diz respeito às
criaturas vivas é o fôlego de vida ou a energia vital que provém de Deus
e os matem vivos, e jamais deve ser entendido como uma entidade (um ser)
inteligente que pode viver independentemente, por que quando a mesma
palavra aparece relacionada ao nome de Deus (espírito de Deus ou
espírito Santo), deve ser entendida como um “ser” pessoal fora de Deus,
ou seja, a terceira pessoa da trindade?
Por que não podemos fazer a mesma
analogia e definir a palavra “espírito de Deus” como o poder (o fôlego,
a energia vital) de Deus em ação?
Não estaremos usando dois pesos e
duas medidas e sendo incoerentes ao dizer que a Bíblia ensina que o
espírito não é uma outra pessoa fora dela mesma, e quando a mesma
palavra está relacionada com o nome de Deus, dizermos que é um outro ser
ou uma outra entidade divina?
Consideramos muito significativo o
que está registrado em Atos 10:38:
“Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré
com o espírito Santo e com poder; o qual andou fazendo o
bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele.”
Nele encontramos uma estreita relação
entre o espírito Santo e o poder de Deus, ambos como a evidência de que
o Senhor Deus Eterno estava com Seu Filho unigênito Jesus Cristo.
A Palavra de Deus apresenta duas
pessoas divinas: Deus, o Pai e o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo que
também é chamado pelo profeta Isaías de
“Deus Forte, Pai da Eternidade”.
Vejamos algumas evidências de que a doutrina da trindade carece de
embasamento bíblico quando afirma que o espírito Santo é a terceira
pessoa de uma tríade divina.
|