19.1 - O Que Está Por Trás da Palavra Elohym?
"No
princípio criou Deus (ELOHIM) os céus e a terra."
- Gênesis 1:1.
Segundo os
trinitarianos, a palavra “Deus” aqui, vem do Hebraico ELONHIM. E ELOHIM
é a forma plural de ELOHÁ. Assim sendo, este verso é a primeira
evidência bíblica da pluralidade Divina.
Sobre a
palavra Elohym, ela não expressa pluralidade, ela
expressa com certeza uma unidade. A confusão existente, é
devido aos sinais que os Massoretas acrescentaram as consoantes do Texto
Hebraico. Portanto, no que diz respeito à palavra Elohym, o cuidado que
se deve ter, especialmente, é com relação aos sinais que os Massoretas
acrescentaram ao Texto, que se chama, Antigo Testamento. Porque embora
os referidos sinais sejam úteis, no que diz respeito às pronuncias e
vocalização das palavras, o inimigo da Verdade, (O deus
deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a Imagem de
Deus. 2 Cor. 4:4), conhecendo bem às implicações do dual,
forjou uma diferença com relação à palavra Elohym. A fim de que este
vocábulo se tornasse conhecido como plural, e não como dual.
“... Até
o fim do quinto século d.C., a tradição da pronúncia aprovada do
texto do Velho Testamento, escrito em consoantes nuas, era ensinada
oralmente pelos rabis e assim ensinadas as Escrituras nas sinagogas pela
recitação. ...”
“... Um
serviço exímio que prestaram os Massoretas foi o de criar um sistema de
pontos e sinais vocálicos que se colocavam em cima, em baixo e dentro
das consoantes. Essas anotações indicam ‘exatamente’ como os
eruditos da era liam as palavras. Essas anotações não fazem parte do
texto sagrado, e os rolos do Pentateuco, usado nas sinagogas, são
escritos somente com consoantes, como originalmente recebidos. ...”
“O texto
massorético, com todo seu equipamento, não pode ser datado antes
do sétimo século da era cristã. ...”
“Os
manuscritos de livros hebraicos no texto massorético, existentes na
atualidade, são do nono século d.C., dois séculos depois que os
Massoretas completaram o seu trabalho...”
ANA e WATSON, S. L.. Conciso Dicionário Bíblico. (ilustrado). 15ª ed.
Rio de Janeiro – RJ, Editora JUERP, 1987. pág. 119.
O sufixo
hebraico “ym”, da Língua Hebraica, tanto indica uma pluralidade
quanto uma dualidade. Contudo, quando empregado à palavra Elohym,
trata-se de dual. O dual envolve somente seres ou
coisas que existem aos pares. Abaixo seguem alguns conceitos
sobre o dual, tanto na Língua Hebraica quanto na Grega.
Um professor
escreveu o seguinte:
“Dual:
Indica objetos que aparecem aos pares”; “Indica dois elementos
de uma espécie.”
PINTO,
Carlos Osvaldo Cardoso. Fundamentos para exegese do Antigo testamento:
manual de sintaxe hebraica. 1ª ed. São Paulo – SP, Edições Vida Nova,
1998. pág. 15.
Um outro,
expressou-se desta forma:
“DUAL
(δυικός - dyikós): a expressar seres ou coisas em dupla, casal
ou par, unidade consorciada a outra, dois elementos.”
“No coiné
já se fizera obsoleto o dual, a cair em completo desuso, tanto assim
que através do Novo Testamento não ocorre uma vez sequer.”
LUZ, Waldyr
Carvalho. Manual de Língua Grega. 1ª ed. São Paulo – SP: Casa Editora
Presbiteriana, 1991. Vol. I, pp. 68-69.
Além dessas
citações, sobre o dual nas Línguas Hebraicas e Gregas, serão citadas
duas citações sobre o dual em outras Línguas:
“Relativo
a dois; s.m. (Gram.) número gramatical que em certas línguas, p.
ex., o grego e o sânscrito, indica duas pessoas ou coisas, e que
aparece em nossa língua na palavra ambos (lat. Dualis).”
BUENO,
Francisco da Silveira. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 11ª ed.
Rio de Janeiro – RJ, MEC – FENAME, 1983.
A segunda
citação é:
“Cada
caso (na Língua Grega) tem uma terminação diferente, e também o
artigo se declina. Do mesmo modo ocorre no plural e também no
dual; o grego de modo semelhante a outras línguas, distingue,
além do singular e do plural, ainda o dual, que surgiu provavelmente
do sentimento original de que duas coisas não são uma, mas também não
são ‘várias’. O alemão, como outras línguas, exprime este conceito
com a palavra paar (par).”
STÖRIG, Hans
Joachim. A Aventura das Línguas: uma viagem através da história dos
idiomas do mundo. 5ªed. São Paulo – SP, Comp. Melhoramentos de São
Paulo, Indústrias de Papel, 1993. p. 74.
Esta última
citação, é sobre a diferenciação (convenção que existe), para
distinguir uma palavra dual de uma palavra plural.
“O dual
tem a terminação” (îm) “de aym, ... acrescentada comumente à forma
básica do singular. ... O dual é formado quase que exclusivamente por
coisas que existem aos pares; ... Os adjetivos nunca têm a
terminação do dual ...”
BUDDE,
Hollenberg. Editada por: Baumgartner, W.. Gramática Elementar da Língua
Hebraica. 8ª ed.São Leopoldo – RS, Editora Sinodal, 1996. pp. 118.
Alguém poderá
questionar: E quando a palavra elohym é atribuída às imagens dos
falsos deuses? Ela é dual ou plural? Com toda certeza, pode-se dizer
que, também, é dual. Porque, trata-se de uma associação da imagem com um
demônio qualquer. E isto é mais evidente, em Êxodo 20:3: “Não terás
outros deuses diante de Mim”. Depois diz: “Não farás para ti
imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em
cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da
terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto...”. Além do
mais, nesse caso, também, está sendo aplicada de maneira indeterminada.
Portanto, no
que diz respeito a Gênesis 1:26, ao “façamos”, o espírito de
Profecia afirma claramente que foi o Pai e o Filho que
participaram juntos da criação do homem. Qualquer entendimento diferente
deste, contraria o que Ellen White escreveu.
Vejamos o que
Ellen White escreveu:
"Satanás foi
outrora um honrado anjo no Céu, o primeiro depois de Cristo. Seu
semblante, como o dos outros anjos, era suave e exprimia felicidade. Sua
testa era alta e larga, demonstrando grande inteligência. Sua forma era
perfeita, seu porte nobre e majestoso. Mas quando Deus disse a Seu
Filho: "Façamos o homem à Nossa imagem" (Gên. 1:26), Satanás
teve ciúmes de Jesus. Ele desejava ser consultado sobre a formação do
homem, e porque não o foi, encheu-se de inveja, ciúmes e ódio. Ele
desejou receber no Céu a mais alta honra depois de Deus."
Primeiros
Escritos, pág. 145
“... Eles
tinham operado juntos na criação da terra e de cada ser vivente sobre
ela. E agora disse Deus a Seu Filho:
‘Façamos o homem à Nossa imagem’.”
WHITE, Ellen
G. História da Redenção. 3ª ed. Santo André – SP, CPB, 1981. pp. 20-21.
Além do mais,
no que diz respeito aos verbos: “façamos” e “desçamos”
(Gên. 1:26 e 11:7), que são verbos coortativos, temos o seguinte:
“O
coortativo é o volitivo da primeira pessoa. Pode expressar a
manifestação da vontade da pessoa que fala, ou um apelo à vontade
de outra (s) pessoa (s) com quem ela se identifica ou associa.”
PINTO,
Carlos Osvaldo Cardoso. Fundamentos para exegese do Antigo testamento:
manual de sintaxe hebraica. 1ª ed. São Paulo – SP, Edições Vida Nova,
1998. p. 76.
“O
coortativo é o modo volitivo da 1ª pessoa, sendo formado pelo acréscimo
da desinência (ah). ...”
BUDDE,
Hollenberg. Editada por: Baumgartner, W.. Gramática Elementar da Língua
Hebraica. 8ª ed.São Leopoldo – RS, Editora Sinodal, 1996. pp. 118.
Conforme está
escrito acima, sendo uma pessoa que fala, então, claro está, que a
Pessoa que falou, foi o Pai. Ele disse ao Filho: Façamos.
“… Mas
o Filho de Deus, que em associação com o Pai criara o homem,
podia fazer pelo homem uma expiação aceitável a Deus, dando Sua vida em
sacrifício e arrostando a ira de Seu Pai. ...” - WHITE, Ellen G.
História da Redenção.
3ª ed. Tatuí – SP, CPB,
1981. p. 48.
Os
trinitarianos, com base no texto de Atos 28:25-27, conclui que o
espírito Santo é uma pessoa, uma vez que o texto afirma que o espírito
Santo falou aos nossos pais por intermédio do profeta Isaías. No
entanto, o livro de Pedro deixa claro que o espírito que falava aos
profetas era o espírito do próprio Cristo:
“Foi a
respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram,
os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada,
investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias
oportunas, indicadas pelo espírito de Cristo, que neles estava,
ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e
sobre as glórias que os seguiriam. A eles foi revelado que, não para si
mesmos, mas para vós outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram
anunciadas por aqueles que, pelo espírito Santo enviado do céu, vos
pregaram o evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar.” (I
Pedro 1:10-12).
Concordando com
o que Pedro disse, Ellen White escreveu:
“Cristo é
chamado a Palavra de Deus, João 1:1-3. Ele é assim chamado porque Deus
deu Sua revelação ao homem em todas as épocas através de Cristo.
Ele é o espírito que inspirou os profetas. I Pedro 1:10,11. Ele
foi revelado como o Anjo de Jeová, o Capitão das hostes do Senhor, o
Arcanjo Miguel.”(Patriarchs and prophets, pág. 761, parágrafo 5).
Além de Cristo
falar por meio de Seu espírito, em algumas ocasiões, falou pessoalmente.
Ao comentar
sobre a encarnação de Cristo, vejamos o que a serva do Senhor escreveu:
“É a
corrente de ouro que liga nossa alma a Cristo e por meio de Cristo a
Deus. Isto deve constituir nosso estudo... Quando abordamos este
assunto, bem faremos em tomar a peito as palavras dirigidas por
Cristo a Moisés, junto à sarça ardente: ‘Tira as sandálias dos
pés, porque o lugar em que estás é terra santa.”
(James S.
White, na Review and Herald, 5 de agosto de 1852. Ver Seventh-day
Adventist Encyclopedia, págs.
286-288).
Em outra
ocasião escreveu:
"Quando eles
[Israel] chegaram ao Sinai, Ele aproveitou a ocasião para
refrigerar-lhes o espírito com relação a Suas reivindicações.
Cristo e o Pai, lado a lado no monte, proclamaram com solene
majestade os Dez Mandamentos." Historical Sketches, pág. 231
(1866).
Portanto, tendo
por base as evidências bíblicas, a Gramática Hebraica e as declarações
do espírito de Profecia, pode-se afirmar com toda certeza que a palavra
Elohym é dual e não plural, uma vez que o próprio Cristo afirmou:
“Eu e o Pai somos um.” (João 1:30).
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