Elpídio da Cruz
Silva
Os motivos da
ausência do espírito Santo nos livros da Sra. White que retratam a crise
inicial entre Cristo e Satanás no céu e a mesma ausência no paraíso
restaurado, apresentados pelo pastor Demóstenes no site Doutrina
Adventista.Com.Br, superam as explicações anteriores e evidenciam o
politeísmo incluso na crença na trindade.
Os adventistas
trinitarianos sempre tiveram grande dificuldade para explicar o motivo
da ausência do espírito Santo nos livros da Sra. White que tratam dos
incidentes acontecidos no céu, antes da criação do planeta Terra e essa
mesma ausência na Terra restaurada. No livro “A trindade”, os seus
autores conseguiram enxergar no rio da vida que sai do trono de Deus, a
pessoa do espírito Santo.
Na
capa da edição em português do livro The Trinity a adoração ao
Sol se confunde com a adoração à trindade.
Diante da dificuldade
de que só haverá um trono com dois lugares na Nova Terra descrita por
João, a saída foi dizer que o rio que procede do trono é o espírito
Santo!
Cabe agora ao
adventista trinitariano decidir:
Se o espírito Santo é
uma pessoa, o Rio da Vida não existe e é só um símbolo. Caso haja um Rio
da Vida, o espírito Santo não pode ser uma pessoa, pois não aparece no
trono com o Deus Todo-poderoso e o Cordeiro.
Um dos maiores
problemas do livro é a insistência dos autores no sentido que a Bíblia
não pode ser lida ao pé da letra. Ensinam que suas passagens devem ser
alegorizadas e entendidas apenas figuradamente.
Para eles, por
exemplo, os textos em que Deus, o Pai, aparece como único soberano e
Jesus Cristo, como Filho unigênito, que se submete ao Pai, devem ser
entendidos apenas metaforicamente. Chegam a dizer que Deus não pode ser,
de fato, Pai, nem Jesus Cristo, Seu Filho, porque aí o espírito teria
que ser a Mãe! (Pág. 107)
As "explicações"
sobre o espírito Santo como o Rio da Vida na Nova Jerusalém começam à
página 100:
O pastor Ronaldo Timm,
em uma palestra sobre trindade proferida na igreja do Pq' Marabá na
cidade de São Paulo, relatou que lhe foi solicitado uma resenha crítica
sobre o livro “A trindade”. Nessa resenha Alberto Timm discordou dos
autores sobre esse ponto do livro. Evidentemente não tendo como resolver
esse “problema” com um “assim diz o Senhor”, os teólogos da IASD, deixam
as rédeas soltas para a especulação. Na tentativa de oferecer uma
resposta aos adventistas que criticam o dogma da trindade, o pastor
Demóstenes deu rédeas à imaginação e ofereceu um argumento que superou
todos os outros que até agora tinham sido oferecidos. Segundo o senhor
Demóstenes, o espírito Santo não se fez presente na crise celestial pelo
seguinte motivo:
“O
foco de Patriarcas e Profetas capítulo 1 não é a trindade e nem o
espírito santo. É a contestação da justiça do Pai e a pessoa de Cristo.
A pessoa do espírito Santo não foi contestada.”
www.doutrinaadventista.com.br.
Por quais motivos
esse argumento do pastor Demóstenes supera todos os outros? Porque esse
argumento é ao mesmo tempo politeísta e despersonalizador da pessoa de
Deus. Esse argumento faz o adventista trinitariano transitar do
politeísmo para a noção de um Deus impessoal. Ele é politeísta quando é
aplicado sobre ele a noção da individualidade e distinção de uma em
relação às outras das pessoas divinas. Pai, Filho e espírito Santo como
pessoas distintas, possuidoras individuais dos atributos da divindade
constituem-se individualmente em Deus. É justamente isso que o
raciocínio do pastor Demóstenes afirma: a pessoa do Pai e a do Filho
foram contestadas. Em outras palavras, o Deus Pai e o Deus Filho foram
contestados e não o Deus espírito Santo. Como a autoridade do Deus
espírito Santo não foi contestada, ele então não aparece nos relatos da
Sra. White. O pastor Demóstenes seguramente crê em três deuses. Não é
apenas nesse trecho da sua argumentação que o pastor Demóstenes deixa
aparecer sua crença politeísta. Em outro trecho do seu artigo, afirma o
seguinte:
“espírito
(a Terceira pessoa) está "diante" do trono (Apoc. 1:4) e nos "sete
olhos" do Cordeiro que está no Trono (Apoc. 6:5). Mas Sua presença
pessoal é na Terra para onde foi enviado (Apoc. 6:5) onde estará conosco
"para sempre" (João 16:16, 17).”
www.doutrinaadventista.com.br
Está
claramente apresentado neste texto que o pastor Demóstenes crê na
existência de três Deuses. Dois Deuses, o Pai e o Filho estão no céu, e
o terceiro Deus, o espírito Santo está apenas espiritualmente no céu,
por isso ele não se assenta junto com o Pai e o Filho no trono do
universo. Onde está e presença pessoal do espírito Santo segundo o
teólogo Demóstenes? “Mas Sua presença pessoal é na Terra para onde
foi enviado (Apoc. 6:5) onde estará conosco "para sempre" (João 16:16,
17).”
Ao entender
e aceitar a individualidade essencial da pessoas divinas, os
trinitarianos conseguem inclusive separá-las “fisicamente” no espaço.
Duas estão no céu e uma outra está para sempre em pessoa na Terra. O
Deus único triúno foi irremediavelmente desmembrado pelo teólogo
trinitariano.
O teólogo
assalariada insiste na sua tese de desmembramento do Deus único triúno
mais de uma vez. Em outro trecho do seu texto ele expressa esse
desmembramento com as seguintes palavras:
“... e o
espírito Santo (a terceira pessoa) , desde que Jesus subiu ao céu
está na Terra "para sempre" (João 14:16, 17) como penhor
(garantia) da nossa salvação (Efésios 1:13,14). Graças a Deus ele
não está no céu!”
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Em outro
trecho ele repete a idéia do desmembramento do Deus único triúno:
“Jesus...
está assentado à destra do trono de Deus" - Hebreus 12:2 u.p. E o
espírito Santo (a Terceira pessoa) está na Terra "convosco para sempre".
João 14:16,17.”
www.doutrinaadventista.com.br
Os
trinitarianos podem até dizer que não são politeístas, mas a lógica
conceitual que eles utilizam para explicar a fantasia do seu Deus único
triúno, não oferece outra alternativa que não atribuir a eles uma
autêntica fé politeísta.
Disse no
início deste artigo que os trinitarianos transitam do politeísmo à
despersonalização de Deus. O fenômeno da despersonalização de Deus é
mais fácil de perceber. Como eles já trabalharam a idéia da distinção e
individualidade das pessoas divinas, o Deus único triúno é apenas uma
construção conceitual. Ele não existe como pessoa real. O Deus único
triúno é apenas um conceito abstrato como o conceito de casal, uma
unidade impessoal de duas pessoas. Vejam o que diz o referido pastor:
“Por outro
lado, a Bíblia, também no Antigo Testamento, usa a palavra para
unidade no sentido de igualdade de natureza: a cortina do
templo tinha duas partes separadas (tinham a mesma natureza e
material), mas é chamada de "uma"; a parte clara e a escura do dia
(mesma natureza = tempo) são distintas, mas formam "um" dia; o
homem e a mulher são dois distintos e iguais em natureza, mas se
tornam ao se unir, carnalmente "um". A unidade é devido à natureza
de igualdade essencial das partes; a mesma palavra é usada para Deus
que é "um", uma unidade de três pessoas.” www.doutrinaadventista.com.br
Claro está
que quando os trinitarianos apresentam o seu Deus único triúno, ele não
estão falando de uma pessoa, mas apenas de uma criação humana
conceitual. Os trinitarianos além de serem politeístas, adoram um deus
que não existe.
A crença em
um Deus único e pessoal é incompatível com o dogma trinitariano. Segundo
a Sra. White, que cria em um Deus pessoal, a união entre o Pai e o Filho
ou, como os trinitarianos preferem, Pai, Filho e espírito Santo, não os
torna uma
outra pessoa.
“A
unidade que existe entre Cristo e Seus discípulos não anula a
personalidade de nenhum. São um em desígnio, mente, e em caráter, mas
não em pessoa. É assim que Deus e Cristo são um." (A Ciência
do Bom Viver, p. 422.)
Sendo assim, o Deus
único triúno não existe como pessoa e adorar o Pai, o Filho e o espírito
Santo como pessoas distintas e divinas, não passa de politeísmo e é isso
o que todo trinitariano está sendo: politeísta.
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