A esta altura, muitos crentes
sinceros poderão levantar as seguintes questões:
Qual é a diferença, na prática, entre
aceitar a tradicional doutrina da Santíssima trindade e aceitar a
doutrina bíblica que o Pai e o Filho compartilham do mesmo espírito?
Nossa salvação depende deste ponto?
Todas as pessoas que no passado
aceitaram a doutrina da Santíssima trindade e as que hoje a aceitam
estarão perdidas para sempre?
O assentimento mental de qualquer
teoria sobre a divindade terá algum efeito prático na vida do cristão?
Ou Deus não leva em conta o que acreditamos desde que tenhamos amor uns
para com os outros?
Sem dúvida, tais questões são
extremamente relevantes para os seguidores de Cristo que procuram viver
uma religião prática. O mundo religioso está cheio de teorias, doutrinas
e dogmas que geram debates, conflitos, separações, guerra e morte. Se um
ensino bíblico não tiver um efeito prático positivo na vida do cristão,
tal ensino é totalmente dispensável e não mereceria nossa atenção.
Veremos agora como a compreensão que
temos sobre Deus afeta diretamente nossa religião na prática.
12.1 - Adoração: A
Essência da Religião
Envolvidos com atividades sociais,
responsabilidades eclesiásticas, funções administrativas e ministeriais,
muitas vezes nos esquecemos da essência da religião que é a
adoração. A importância da adoração na religião cristã é
indiscutível. Por esta razão todos os aspectos relacionados à adoração
devem ser cuidadosamente analisados e jamais menosprezados. Há várias
formas de provar que a adoração é provavelmente o elemento mais
importante da religião. Esta importância é facilmente comprovada quando
analisamos o esforço de Satanás para deturpar vários aspectos
relacionados à adoração verdadeira. Se a adoração não fosse tão
importante, certamente o inimigo não atuaria de forma tão especial nesta
área. Podemos ver alguns exemplos bíblicos começando pela tentativa do
inimigo de conquistar a adoração para si:
“Novamente o Diabo o levou a um monte
muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e
disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. Então
ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu
Deus adorarás, e só a ele servirás.” - Mateus 4:8-10.
Felizmente Satanás não conseguiu
alcançar seu grande objetivo de conquistar a adoração do Filho de Deus
para si. A obstinação de Satanás por adoração é tão grande que o inimigo
declarou guerra contra a adoração ao Deus verdadeiro:
“Ninguém de modo algum vos engane;
porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja
revelado o homem do pecado, o filho da perdição, aquele que se opõe e se
levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de
sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus.” -
II Tessalonicenses 2:3 e 4.
Como Satanás não conseguiu obter a
adoração que desejava, seu grande objetivo hoje é atrapalhar a adoração
ao Deus verdadeiro atuando em vários aspectos. As grandes mensagens de
Deus ao homem têm o objetivo de chamar a atenção para a verdadeira
adoração. Vários aspectos que podem parecer irrelevantes à primeira
vista, começam a merecer nossa atenção na medida em que descobrimos a
relação que estes aspectos mantêm com a adoração. O Apocalipse,
revelação especial para os crentes do tempo do fim, traz várias citações
sobre o grande conflito entre Deus e Satanás, um conflito que gira em
torno da adoração. Deus, através de seus mensageiros, reclama a adoração
para si:
“Temei a Deus, e dai-lhe glória;
porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a
terra, e o mar, e as fontes das águas.” - Apocalipse 14:7.
“Eu, João, sou o que ouvi e vi estas
coisas. E quando as ouvi e vi, prostrei-me aos pés do anjo que me
mostrava estas coisas, para adorá-lo. Mas ele me disse: Olha, não faças
tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que
guardam as palavras deste livro. Adora a Deus.” - Apocalipse 22:8 e 9.
Em contrapartida, o Apocalipse também
revela o esforço do inimigo para desviar os crentes da adoração
verdadeira. Segundo a profecia bíblica, a besta com aparência de três
animais (leopardo, urso e leão) irá receber o poder e grande autoridade
do dragão (Satanás) e obter a adoração de muitos:
“E adoraram o dragão, porque deu à
besta a sua autoridade; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à
besta? quem poderá batalhar contra ela?” - Apocalipse 13:4.
A adoração falsa profetizada será uma
adoração tríplice. O Apocalipse revela que os enganados por Satanás
adoram (1) O Dragão, (2) a Besta que recebeu autoridade do Dragão e (3)
a Imagem da Besta. Esta última recebeu o fôlego (pneuma) da besta
que subiu da terra.
“Foi-lhe concedido também dar fôlego
à imagem da besta, para que a imagem da besta falasse, e fizesse que
fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.” -
Apocalipse 13:15.
Note que existe até uma pena de morte
para os que não adorarem a imagem da Besta. Esta adoração tríplice e
falsa é a marca do paganismo. Os povos pagãos adoravam vários deuses,
dentre os quais se destacavam tríades, conjuntos de três deuses.
Perceba que a grande vítima da
“paganização” do Cristianismo ocorrida nos primeiros séculos foi a
verdadeira adoração. As perguntas “como adorar?”, “quando adorar?” e “a
quem adorar?” tinham outras respostas antes da “paganização” do
Cristianismo.
Para conciliar pagãos e cristãos as
imagens de escultura foram recebidas na igreja. A forma de adoração
começava a mudar - uma terrível violação à adoração verdadeira e à lei
de Deus! Uma nova resposta à pergunta “como adorar?” estava surgindo.
Deus passava a ser adorado através de imagens.
Vimos também que no Concílio de
Nicéia, em 325 a.d., o domingo foi oficialmente estabelecido como dia de
guarda em substituição à prática de observância do sábado mantida por
judeus e cristãos até então. Uma nova resposta para a pergunta “quando
adorar?” foi estabelecida. Novamente uma terrível adulteração no dia de
adoração especificado por Deus em sua lei!
Poderíamos citar outros exemplos tais
como o papel de Maria que, sem dúvida, recebe boa parte da adoração e
louvor que deveriam ser dirigidos apenas a Deus. Mas nosso foco neste
estudo é a trindade. Precisamos de uma resposta para a pergunta “A quem
devemos adorar e louvar?” Ao Pai? Ao Filho? Ao espírito Santo? Vamos
deixar que a Bíblia responda:
Adoração ao Pai:
“Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te,
Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele
servirás.” - Mateus 4:10.
“Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos;
ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou.” - Salmo 95:6.
Adoração ao Filho:
“E entrando na casa [os magos do
Oriente], viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram;
e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e
mirra.” - Mateus 2:11.
“Então os que estavam no barco
adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.” - Mateus
14:33.
“E eis que Jesus lhes veio ao
encontro, dizendo: Salve. E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés,
e o adoraram.” - Mateus 28:9.
“Pois a qual dos anjos disse jamais:
Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me
será Filho? E outra vez, ao introduzir no mundo o primogênito, diz: E
todos os anjos de Deus o adorem.” - Hebreus 1:5 e 6.
Adoração ao Pai e Filho:
“Ouvi também a toda criatura que está
no céu, e na terra, e debaixo da terra, e no mar, e a todas as coisas
que neles há, dizerem: Ao que está assentado sobre o trono, e ao
Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos
séculos dos séculos: e os quatro seres viventes diziam: Amém. E os
anciãos prostraram-se e adoraram.” - Apocalipse 5:13 e 14.
“Depois destas coisas olhei, e eis
uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações,
tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e em presença
do Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos; e
clamavam com grande voz: Salvação ao nosso Deus, que está assentado
sobre o trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam em pé ao redor do
trono e dos anciãos e dos quatro seres viventes, e prostraram-se diante
do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: Amém. Louvor, e
glória, e sabedoria, e ações de graças, e honra, e poder, e força ao
nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.” - Apocalipse 7:9-12.
“E tocou o sétimo anjo a sua
trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: O reino do mundo
passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos
séculos dos séculos. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados
em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e
adoraram a Deus, dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso,
que és, e que eras, porque tens tomado o teu grande poder, e começaste a
reinar.” - Apocalipse 11:15-17.
Como ficou claro através destes
versos bíblicos, apenas o Pai e o Filho são dignos de adoração. Não
encontramos nenhuma evidência bíblica de que o espírito Santo deva ser
adorado. No entanto, muitos pregam e cantam louvores ao Deus-Trino.
O inimigo busca confundir nossa
adoração criando mais uma pessoa divina cujo nome é espírito Santo,
quando na verdade o espírito Santo é um atributo do Pai e do Filho que
nós podemos receber, mas não um deus que devamos adorar ou louvar.
Lamentavelmente é comum ver crentes
sinceros louvando o espírito Santo e até mesmo orando ao espírito Santo,
quando deveríamos orar ao Pai, em nome de Jesus, pelo derramamento do
espírito Santo. Biblicamente este tipo de adoração é vã, é inútil.
“Mas em vão me adoram, ensinando
doutrinas que são preceitos de homem.” - Mateus 15:9
Que nossa adoração a Deus não seja
vã. Que os preceitos de homens que há muitos anos estão arraigados em
nosso coração sejam extirpados. Que possamos nos unir a toda criatura no
céu, na terra e no mar e dizer:
“Ao que está assentado sobre o
trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o
domínio pelos séculos dos séculos.”
- Apocalipse 5:13 e 14.
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