Talvez o argumento mais fraco
utilizado pelos doutores em divindade trinitarianos esteja relacionado
com a tentativa inócua de provar a trindade no Velho Testamento. Este
argumento se baseia na interpretação tendenciosa da palavra hebraica
echad no seguinte verso:
“Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus
é o único (echad) Senhor.” - Deuteronômio 6:4.
De acordo com estes teólogos existem
duas palavras em hebraico que significam “único”: echad e yachid. A
diferença entre elas é que echad significa “um (entre outros)”. Isto
significa que quando falamos echad estamos nos referindo a um único ser
mas existem outros, ou seja, a possibilidade de haver outros é inerente
em echad. Já a palavra yachid é usada para designar um ser
exclusivamente único. Yachid é um só e ponto final!
De fato, este é o significado das
palavras em hebraico, mas o problema está na interpretação particular
que é dada para echad. A interpretação natural, levando-se em conta o
contexto, é que o nosso Deus é o único (echad) Senhor (entre outros
deuses pagãos). A palavra echad sugere a existência de outros deuses e o
próprio verso 14 do mesmo capítulo diz o seguinte:
“Não seguirás outros deuses, os
deuses dos povos que estão ao teu redor.” - Deuteronômio 6:14.
Ora, os doutos teólogos pretendem
sugerir que os “outros deuses”, conceito implícito na palavra echad,
são os componentes da trindade: Deus Filho e Deus espírito Santo, além
do Deus Pai que aparece de forma explicita. No entanto, através da
análise do contexto de Deuteronômio 6, fica claro que os outros deuses
são os deuses pagãos de Canaã e não os supostos membros de uma trindade.
Mesmo que o termo se referisse a Deus
como sendo mais de um, não indicaria uma unidade de três pessoas, mas
sim uma unidade de duas pessoas: Deus, o Pai e Jesus Cristo, Seu Filho,
concordando com as palavras de Cristo que afirmou: “Eu e o Pai
somos um” (João 10:30) e com o que afirmou Ellen White: “...
Eles tinham operado juntos na criação da terra e de cada ser vivente
sobre ela. E agora disse Deus a Seu Filho:
‘Façamos o homem à Nossa imagem’.” (WHITE, Ellen G. História da
Redenção. 3ª ed. Santo André – SP, CPB, 1981. pp. 20-21).
Outro argumento utilizado pelos
trinitarianos é o de que, o livro de Gênesis utiliza pronomes que se
referem a Deus, no plural e que em seu contexto parecem indicar mais do
que uma única pessoa em Deus, para tanto citam os seguintes textos:
“Também
disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os
peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos,
sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.”
(Gênesis 1:26).
“Então, disse o SENHOR Deus: Eis que
o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do
mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e
coma, e viva eternamente.” (Gênesis 3:22).
“Vinde,
desçamos e confundamos ali a sua linguagem,
para que um não entenda a linguagem de outro.” (Gênesis 3:22).
Não resta duvida de que os textos
apresentados citam Deus Pai falando no plural, no entanto, nada indica
que esse plural refira-se a três pessoas da divindade como querem os
trinitarianos.
A Bíblia é clara ao afirmar que esse
plural é composto de duas pessoas, o Pai e o Filho, uma vez que Cristo
participou da criação com o Pai.
Para que não paire nenhuma duvida
quanto ao que afirmamos, apresentamos os seguintes textos:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com
Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele,
e, sem ele, nada do que foi feito se fez.” (João 1:1-3).
É interessante notar que o verso fala
“Ele estava no princípio com Deus” e não Eles
estavam no princípio com Deus, o que seria o correto se o espírito Santo
fosse uma pessoa e tivesse participado da criação.
“Quando ele preparava os céus,
aí estava eu; quando traçava o horizonte sobre a face do abismo;
quando firmava as nuvens de cima; quando estabelecia as fontes do
abismo; quando fixava ao mar o seu limite, para que as águas não
traspassassem os seus limites; quando compunha os fundamentos da terra;
então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após
dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo.”
(Provérbios 8:27-30).
“Pai e Filho empenharam-se na
grandiosa, poderosa obra que tinham planejado – a criação do mundo”...
E agora disse Deus a seu Filho: “Façamos o homem a nossa imagem”.
(História da Redenção págs. 20 e 21).
O Pastor Mark Finley em seu livro
Estudando Juntos - Manual
de Referência Bíblica,
publicado pela Casa Publicadora Brasileira, páginas 152 e 153, ao citar
Deuteronômio 6:4 para provar aos Testemunhas de Jeová que Jesus Cristo
também é divino, confirma o que afirmamos acima, ou seja, que Echad
refere-se a dois iguais e não três:
Leia de novo! Mark Finley está
dizendo que a unidade divina é composta por apenas DOIS seres, como o
dia e noite e que formam um único dia e como Adão e Eva que foram duas
pessoas, mas uma só carne. O ponto de vista reforça implicitamente a
afirmação de que Echad refere-se a uma unidade composta por dois iguais
e não três.
Diante das evidências bíblicas
apresentadas, concluímos que, quando a Bíblia cita Deus no plural,
refere-se ao Pai e a Seu Filho Jesus Cristo, uma vez que o próprio
Cristo afirmou: “Eu
e o Pai somos um”
(João 10:30) e “Quem vê a mim vê o Pai.” (João
14:9.
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